Parte I
Onde estarão os trophéos da extincta
Brigada Militar? (escrita da época)
Depoimento interessante do
ex-chefe de Policia dr. Eduarado Chermont, que confessou ter recebido os
objectos sem saber a quem os entregou. – Os botões do fardão do Sr. Barata
serão do ouro dos trophéos?
Presidido pelo dr. Salvador
Borborema, 3.º delegado auxiliar, proseguiu na Policia Civil o inquerito
mandado instaurar para apurar responsabilidades no desapparecimento dos
trophéos pertencentes á extincta Brigada Militar do Estado.
Objectos de alto valor material e
estimativos, era de suppor-se que os mesmos estivessem a salvo de qualquer
acção criminosa, como o descaminho inexplicavel que tomaram.
Logo após a Victoria da revolução,
foram esses objectos retirados pelo sr Eduardo Chermont, da Chefia da Policia,
da sala do commnando da Brigada, no edificio do Palacio do Governo, no local
onde está instalada actualmente a Diretoria de Saude.
Legalisando esse acto e a fim de
resguardar a responsabilidade que no caso pudesse ter o então director da
Saude, dr. Mario Chermont, o dr. Eduardo Chermont, na qualidade de Chefe de
Policia, dirigiu-lhe um officio, communicando ter recebido os referidos
objectos e que os enviara á Diretoria de Fazenda, de que era director o dr.
Clementino Lisbôa, actual deputado federal.
O inquerito, que prosegue na
Policia, até agora nada esclarece, segundo estamos informados, pois, que o
depoimento principal, que é o do dr. Eduardo Chermont, não traz nenhuma luz ao
caso.
Ao que sabemos, do depoimento do
ex-chefe de Policia constam declarações dizendo não se recordar a quem fez
entrega de tão valiosas reliquias conquistadas pela extinta Brigada Policial do
nosso Estado.
Além do dr. Eduardo Chermont já
prestou seu depoimento á Policia o tenente-coronel Alberto Odorico de Mesquita,
commandante do Regimento de Cavallaria.
Conta que após a Victoria do
movimento revolucionario foi preso, tendo assumido o commando o tenente Luiz
Moura Carvalho, sendo certo que os trophéos lá ficaram.
Amanhã deverão ser ouvidos o
tenente Bartholomeu Gonzaga da Igreja e o major Aguiar, os quaes, segundo se
diz, assistiram o dr. Eduardo Chermont retirar os objectos referidos do quadro
em que se encontravam.
Sabemos que os officiaes da Força
Publica estão interessados na descorberta dos ricos trophéos, cuja avaliação
approximada, pelo cambio actual, importa em cerca de 400 contos de réis,
segundo ouvimos.
Ha quem presuma que os botões de
ouro da celebra farda de gala do sr. Barata tenham sido confeccionados com o
ouro dos cartões que faziam parte dos objectos desviados e não com o ouro do
Gurupy.
Esse assumpto bem poderia ser
esclarecido pelo ourives ou joalheiro que confeccionou.
Entretanto, quem foi elle? Até
agora não se sabe.
Tambem desappareceram do commando
os livros de carga da Brigada. (escrita da época)
Fonte: Jornal Folha do
Norte, pag. 01 de 25 FEV 1936 – Biblioteca Artur Vianna
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